Prova do dolo
é que o governo escondeu a manobra, diz Janaina Paschoal
POR WALDIR JUNIOR DE SALVADOR BAHIA.
FONTE: ESTADÃO
Advogada falou na Comissão do Impeachment durante uma hora
Convidada para falar na Comissão Especial do Impeachment nesta
quinta-feira, 28, a advogada Janaina Paschoal, que é uma das autoras do pedido
de afastamento da presidente Dilma Rousseff, disse que o governo sabia que as
pedaladas fiscais eram ilícitas e por isso as escondeu. "A prova do dolo é
que o governo escondeu a manobra, porque sabia que era ilícita", disse.
O discurso de Janaina se arrastou por quase uma
hora até que ela chegasse aos pormenores da denúncia acolhida pelo Congresso
Nacional para afastar a presidente Dilma Rousseff. Ela falou sobre sua
trajetória profissional, sobre seu estado de saúde, sobre e-mails que recebe da
população e só ao final se dedicou às pedaladas fiscais.
Segundo ela, o governo tomou empréstimos em uma operação de
crédito por antecipação, algo que afrontaria a Lei de Responsabilidade Fiscal.
"Foi lesão ao orçamento e ao decoro. E ela é inocente?", questionou,
já rouca.
Dispersão
O discurso de Janaina Paschoal foi interrompido várias vezes
pela confusão no plenário, que muitas vezes riu de suas referências. Ela
comentou que "não estava bêbada" no vídeo que circulou na internet,
de uma fala sua no Largo São Francisco, e chorou ao exaltar a Constituição
Federal. "Eu quero que as criancinhas, os brasileirinhos que estão me
ouvindo, acreditem que vale a pena lutar por esse livro sagrado e que o PT não
assinou".
Janaina foi questionada sobre cargos durante os governos dos
tucanos Geraldo Alckmin e Fernando Henrique Cardoso, além de outras relações
com o PSDB.
Ela extrapolou o tempo de resposta sem receber muita atenção dos
demais senadores e, ao ser interrompida, pediu para continuar porque estava
"defendendo a sua honra". Em resposta, senadores de diferentes siglas
reagiram com um sonoro "aaah", em tom irônico de pena.
O clima na comissão é muito diferente do período de apresentação
do jurista Miguel Reale Jr., coautor do processo. Sua fala foi ouvida sem
interrupções e quando respondeu, brevemente, a algumas perguntas, ele também
teve a fala respeitada.
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