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terça-feira, 18 de abril de 2017

João Santana afirma que mentiu para tentar manter Dilma no cargo

João Santana e Mônica Moura
Em depoimento ao juiz Sergio Moro, que conduz a Operação Lava Jato na primeira instância, o publicitário João Santana admitiu nesta terça-feira que mentiu em seu primeiro interrogatório, em fevereiro de 2016, porque estava “atordoado” com a sua prisão e porque tentava manter a então presidente Dilma Rousseff (PT) no cargo — ela foi afastada do posto dois meses depois.
Na ocasião, ele disse que os recursos que recebera no exterior se referiam, “exclusivamente”, a pagamentos de campanhas feitas em outros países. Nesta terça-feira, ele mudou a versão: “Na época, [estava] ainda atordoado, um dia depois da prisão, e também preocupado com a própria estabilidade política e manutenção do cargo da presidente Dilma. Eu cometi o equívoco, eu menti para a Justiça sobre isso. Por isso, a primeira versão minha, que esses recursos eram todos de campanhas no exterior. Não estava mentindo de todo, porque boa parte dos recursos provinha disso”, disse Santana, que atuou em campanhas eleitorais em países da África e da America Latina. Ele foi preso na Operação Acarajé após os investigadores rastrearem depósitos da Odebrecht em uma conta sua aberta no Panamá e sediada na Suíça.
O marqueteiro também confirmou que recebeu pagamentos não declarados (caixa dois) em contas no exterior pela campanha presidencial de Dilma, em 2010. Além disso, ele relatou que foi remunerado por fora nas campanhas municipais dos também petistas Fernando Haddad, em São Paulo, e Patrus Ananias, em Belo Horizonte, em 2012; e de Marta Suplicy (hoje no PMDB), em São Paulo, e Gleisi Hoffmann, em Curitiba, em 2008. Os repasses teriam sido feitos pela empreiteira Odebrecht por intermediação do ex-ministro da Casa Civil e da Fazenda Antônio Palocci.
Esta foi a primeira vez que o ex-marqueteiro do PT prestou depoimento ao juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba na condição de delator —  ele fechou acordo de colaboração premiada com Procuradoria-Geral da República (PGR), que foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no último dia 4.
A Moro, ele deu detalhes de como começou a trabalhar para a campanha (vitoriosa) à reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006. Segundo ele, em agosto de 2005, logo após o estouro do escândalo do mensalão, ele foi convidado a ir a Brasília para uma conversa com o então presidente Lula. “Encontrei ele num momento fragilizado. Ele me convidou para saber se poderia ajudá-lo nesse momento. Eu disse que sim. E ele me disse: ‘Olha, qualquer detalhe mais burocrático, o Palocci depois conversa com você”, contou Santana.
Na mesma noite, segundo o seu depoimento, ele disse ao então ministro da Fazenda que esperava receber os pagamentos de forma legal, principalmente após os desdobramentos do mensalão que atingiram o seu ex-sócio, o marqueteiro Duda Mendonça. Em maio de 2006, no entanto, ele teria recebido o seguinte recado de Palocci: “Infelizmente, não vai poder ser tudo com recursos contabilizados, por causa das dificuldades naturais, da cultura existente, mas nós temos uma empresa que dá total garantia para fazer o pagamento. Você deve conhecer. É a Odebrecht, [empresa] baiana”, detalhou ele, natural de Feira de Santana, na Bahia. Nas planilhas apreendidas com a empreiteira, os pagamentos associados a ele aparecem com o codinome “Feira” — esta informação também foi confirmada no interrogatório de hoje.
Antes de Santana, quem falou antes com Moro foi a sua mulher, Mônica Moura, sua sócia na empresa marketing politico, a Polis, e responsável pela área financeira da companhia. Ao juiz, ela disse que em todas as campanhas políticas que o casal atuou houve pagamento de caixa dois.
“Em todas as campanhas política, da Polis e antes da Polis, sempre trabalhamos com caixa dois. Em todas as campanhas. Não acredito que exista um marqueteiro no Brasil que trabalhe só com caixa um”, disse ela. Isso inclui, segundo ela, a campanha presidencial de Dilma em 2014.
Fonte: veja.com

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